O presidente afastado do Corinthians, Augusto Melo, se tornou réu na terça-feira (22) por decisão da Justiça de São Paulo no caso que investiga irregularidades no contrato com a empresa Vai de Bet. Também foram denunciados dois ex-dirigentes do clube e três empresários envolvidos no esquema.
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A juíza Márcia Mayumi Okoda Oshiro, da 2ª Vara de Crimes Tributários de São Paulo, acatou a denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP). Os réus respondem por lavagem de dinheiro, associação criminosa e furto qualificado por abuso de confiança.
Defesa pede habeas corpus e fim do sigilo
A defesa de Augusto Melo informou que irá entrar com habeas corpus pedindo a extinção do processo. Os advogados alegam que ele é vítima de um processo ilegal, que teria sido conduzido com acesso indevido a dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e participação indevida da Polícia Civil e do MP estadual.
Os defensores afirmam que o caso envolve contrato internacional e deveria estar sob responsabilidade da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

Réus ligados ao clube e ao esquema
Além de Melo, se tornaram réus:
- Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo do Corinthians
- Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing
- Alex Cassundé, empresário e ex-integrante da equipe de comunicação de Melo
- Victor Henrique Shimada e Ulisses de Souza Jorge, apontados como operadores financeiros
Ulisses é dono da UJ Football Talent, empresa investigada como destino de parte do dinheiro desviado. Segundo as autoridades, a agência é ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Essa conexão foi apontada por Vinícius Gritzbach, delator assassinado em novembro de 2024, no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Esquema envolveu empresas laranjas
O contrato entre Corinthians e Vai de Bet foi firmado por R$ 360 milhões no início da gestão de Augusto Melo. O acordo previa R$ 700 mil mensais para a intermediadora Rede Media Social Ltda, registrada em nome de Alex Cassundé.
A apuração mostrou que a empresa repassou parte dos valores para empresas de fachada, como a Neoway Soluções Integradas, registrada em nome de uma empregada doméstica de Peruíbe, usada como laranja no esquema. O caminho do dinheiro envolveu ainda as empresas Wave Intermediações, Victory Trading e a UJ Football Talent.
O clube nega qualquer vínculo contratual com essas empresas.
Impeachment avança no clube
Enquanto responde judicialmente, Augusto Melo também é alvo de um processo de impeachment no Corinthians. Ele foi afastado da presidência após denúncias internas de má gestão e irregularidades contratuais.
A defesa do dirigente afirma que ele foi retirado do cargo por adversários políticos e mantém o discurso de que irá provar sua inocência por meio de investigação independente.
Nota da defesa do presidente do Corinthians, Augusto Melo
“O presidente do Corinthians, Augusto Melo, afirma que todas as acusações contra ele são falsas. Ele é vítima de um processo ilegal e repleto de nulidades e abusos, como o acesso a dados do Coaf sem autorização judicial e a participação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo em um caso de competência da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, uma vez que envolve um contrato internacional.
O recebimento da denúncia pela Justiça é uma etapa formal do processo, que não altera em nada o curso da ação. A defesa vai impetrar os habeas corpus necessários com o objetivo de fulminar esse processo kafkiano e ilegal.
O presidente Augusto Melo nada deve e nada teme, por isso já solicitou o fim do sigilo que impede o acesso da torcida corintiana à íntegra dos documentos da ação. A defesa também solicitou que as autoridades competentes, a PF e o MPF, cuidem do caso. Está em curso ainda uma investigação defensiva, conforme regulamentado pela OAB, que comprovará a inocência do presidente legitimamente eleito do Corinthians.
Augusto Melo segue confiante de que a verdade prevalecerá e reitera seu compromisso com a retomada da organização financeira do clube, que sofreu grande retrocesso desde que ele foi retirado do cargo por seus adversários políticos, que hoje conduzem uma gestão conhecida pelo não pagamento de obrigações e depreciação do clube dentro e fora de campo.”
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Fotos: Divulgação

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