O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou em entrevista publicada nesta segunda-feira (18) pelo jornal americano The Washington Post que não vai recuar “um milímetro sequer” na investigação contra Jair Bolsonaro. O ex-presidente é réu no julgamento sobre a trama golpista.
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O magistrado, alvo de sanções do governo dos Estados Unidos comandado por Donald Trump, declarou que se apoia no devido processo legal e que não se intimidará diante das medidas adotadas contra ele. A reportagem recebeu o título “O juiz que se recusa a se dobrar a Trump”.

Declarações de Moraes
Moraes destacou que seguirá até o fim no caso de Bolsonaro. Ele afirmou que receberá a acusação, analisará as provas e julgará com base na lei. O ministro lembrou ainda que 179 testemunhas já foram ouvidas.
Ele reconheceu que enfrentar punições internacionais não é agradável, mas reforçou que a investigação continuará enquanto for necessária. Moraes disse também que o Brasil foi infectado pela “doença da autocracia” e que sua missão é aplicar a “vacina”.
“Eu entendo que para uma cultura americana é mais difícil compreender a fragilidade da democracia, porque nunca houve golpe lá”, disse. Ele recordou as experiências brasileiras de ditaduras e golpes ao longo da história como razão para desenvolver resistência mais forte contra ameaças.
STF inicia em setembro julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe
Sanções dos Estados Unidos
O governo Trump classificou o julgamento de Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e retaliou com medidas econômicas e pessoais. Entre elas estão:
- Sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros
- Revogação do visto americano de Moraes
- Sanções pela Lei Magnitsky, que resultaram em bloqueio de bens e contas, proibição do uso de cartões com bandeira americana e veto a operações em dólar
Mesmo sob pressão, Moraes reafirmou que não recuará e que seguirá aplicando a lei.
Poder no STF
A reportagem do Post também analisou o papel de Moraes no Supremo. Diferente da Suprema Corte americana, o STF brasileiro pode conduzir investigações e contar com a Polícia Federal. Isso ampliou a atuação do ministro em inquéritos sobre ataques à ordem democrática.

Segundo o jornal, Moraes se tornou uma espécie de “xerife da democracia”, acumulando processos relacionados a fake news, milícias digitais e tentativas de golpe. Ele também presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde conduziu decisões que tornaram Bolsonaro inelegível até 2030.
Questionado se acumula poder excessivo, Moraes disse que mais de 700 de suas decisões foram revisadas por colegas do STF e nenhuma foi derrubada.
Relação Brasil e Estados Unidos
Em meio ao julgamento, Moraes virou alvo da direita trumpista. Autoridades americanas o acusaram de ser juiz e júri em uma “caça às bruxas ilegal” e o chamaram de “a face mundial da censura judicial”.
O ministro respondeu que sempre admirou a história da governança dos Estados Unidos e citou John Jay, Thomas Jefferson e James Madison como referências. Ainda assim, ele avaliou que há hoje um abismo temporário entre Brasil e Estados Unidos, alimentado por desinformação.
Moraes atribuiu a Eduardo Bolsonaro (PL) parte desse afastamento. Ele afirmou que o deputado, com financiamento do pai, atuou para incentivar hostilidades americanas contra o Brasil.
“Essas narrativas falsas acabaram envenenando o relacionamento”, declarou Moraes. “O que precisamos fazer é esclarecer os fatos, e isso o Brasil está fazendo.”
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Foto: Gov.BR

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